Tuesday, August 30, 2016

IMPEACHMENT: PRETEXTO, PARTICIPAÇÃO DA MIDIA NACIONAL E DOS ESTADOS UNIDOS

Ontem, 29 de agosto de 2016, em pronunciamento no site Democracy Now, no momento em que começava o julgamento de Dilma Rousseff, o premiado jornalista Glenn Greenwald (abaixo, no centro), mais conhecido no Brasil desde o caso Edward Snowden, foi contundente ao afirmar que a direita usa a força bruta para impor sua agenda favorável aos interesses dos Estados Unidos, já que por quatro vezes consecutivas perdeu as eleições para o PT. Pode-se discutir se a palavra 'golpe' é a mais adequada, mas se trata de claro retrocesso democrático, ele também declarou.

Veja, a seguir, os demais pontos ressaltados por Glenn em sua análise.

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GREENWALD, porém, não aponta o pré-sal entre os fatores em jogo 
ver, no item 14, "Nota Nossa".

1. Temer pediu para não ser anunciado na abertura dos Jogos Olímpicos por não querer enfrentar as vaias. Acabou sendo visivelmente vaiado, apesar de não ter sido anunciado. E, ao encerramento dos Jogos, simplesmente não compareceu. Em contraste, Dilma está enfrentando seus acusadores face a face no Senado, sendo que não precisaria fazê-lo. Ela é que escolheu expor-se a eles.

2. É incrível que essas pessoas em Brasilia - um bando de criminosos - estejam brincando com a democracia bem na nossa cara.

3. Quando se comenta sobre as pedaladas (truques contábeis) com americanos e europeus, eles dão risada: como isso pode ser suficiente para impedir uma presidente eleita democraticamente? É algo tão comum. E mesmo presidentes brasileiros, antes de Dilma, usaram o mesmo método.


4. As pedaladas são, portanto, pretexto. O PT está há 13 anos no poder porque ganhou quatro eleições democráticas consecutivas. A oposição - formada de oligarquias, empresas, barões da mídia, conservadores - chegaram à conclusão de que não conseguem vencer o PT nas urnas.

5. A mídia nacional, que tem se mostrado a favor do impeachment desde o início, vem alegando que o processo é constitucional, que há impeachment nos Estados Unidos e na Europa.. Só que há uma grande diferença. Se Bill Clinton tivesse sido impedido em 1997 ou 1998, Al Gore teria assumido, e o mesmo partido democrata continuaria no poder. No Brasil, o caso é exatamente o oposto. Um partido de centro, o PMDB, está se associando com o de direita, o PSDB, que tem sido sistematicamente rejeitado nas eleições.

6. Apesar dessa repetida rejeição, a agenda deles está sendo agora gradualmente IMPOSTA: uma agenda de privatizações, cortes de programas sociais, redução de impostos para os oligarcas, além de uma mudança na política externa no sentido de se afastar do BRICS e de outras alianças regionais e se tornar novamente extremamente subserviente aos EUA, a Wall Street e ao capital externo.

7. Você pode discutir se é golpe, se a palavra é a mais adequada; mas temos claramente um retrocesso democrático.

8. O Supremo Tribunal Federal já declarou que Dilma e Temer não poderiam ser separados no processo, já que foram conjuntamente responsáveis pelas mesmas medidas. Essa e outras alegações estão sendo simplesmente ignoradas.

9. Os poderosos do país querem implementar essa agenda de direita, não conseguem ganhar as eleições e estão usando de força bruta - e isso o que está de fato acontecendo.

10. O óbvio é realizar novas eleições, uma vez que tanto Dilma como Temer são igualmente impopulares. Por que deixar, em vez disso, que pessoas corruptas em Brasilia façam a escolha no lugar do povo?

11. O ponto é que estão apavorados porque, com novas eleições, quem ganharia seria Lula! Ele lidera todas as pesquisas de opinião feitas.

12. Por isso, muitos acham que as investigações contra ele visam apenas impedir que ele volte a ser eleito em 2018. Não teria sentido derrubar Dilma para ter Lula de volta em 2018. Querem prender Lula para que ele não seja presidente novamente.

13. Lula está sujeito à lei como qualquer outra pessoa, e as investigações devem seguir seu curso. O problema é que há, em Brasilia, diversas pessoas com acusações graves de corrupção sendo protegidas.

14. As grandes instituições do Brasil, inclusive a Suprema Corte, o Exército, estariam secretamente conspirando para afastar Dilma e assim proteger, das investigações em curso, outros políticos em Brasília.
NOTA NOSSA: Isto não condiz com nossa própria pesquisa. Vários políticos - e outras pessoas - vêm sendo de fato protegidos, desde o início da chamada lava jato, independentemente do afastamento de Dilma. O Ministério Público, o juiz da lava jato e pelo menos alguns ministros do Supremo estariam em ajustado acordo em relação a quem investigar, prender, etc., arranjo esse, em algum grau, já cravado no bojo da operação. As investigações, além de proteger uns, estão sendo também usadas politicamente contra outros. Aí entra Dilma. E se trata, então, de afastá-la para impor aquela agenda de direita que o próprio Glenn antes mencionou: medidas relativas à politica externa, etc. Sobretudo, há algo crucial que Glenn Greenwald deixa escapar em sua análise: a imposição de novas regras para o pré-sal.

15. Repórteres sem Fronteiras declarou que a mídia brasileira - o Grupo Globo e outras empresas de comunicação que pertencem a famílias muito ricas, todas a favor do impeachment - não estão agindo como jornalistas, mas defendendo seus próprios interesses. Por causa disso, a percepção do mundo, no início, era de que o povo estava se levantando contra um governo corrupto [o povo estaria, portanto, apontando Dilma como corrupta]. Mas, à medida que verdadeiros jornalistas ao redor do mundo se voltavam para a situação, tal percepção mudou radicalmente.

16. Neste fim de semana, um dos mais importantes jornais do mundo, Le Monde, anunciou: Se o impeachment não for um golpe, é uma farsa.

17. Há uma crescente conscientização de que o que está acontecendo no Brasil é um ataque à democracia. Há manifestações nesse sentido de membros do Parlamento Europeu, do Parlamento Britânico, da OEA...

18. Já o governo dos EUA tem se mantido notadamente calado. Deve-se ao fato de documentos terem por fim confirmado a participação direta dos EUA no golpe de 64, após os EUA terem repetidamente negado isso ao longo de anos. Mas a facção de direita que está tomando o poder em Brasília quer se tornar subserviente aos EUA.

19. Assim, na medida do interesse deles, Obama, Hillary Clinton, o Departamento de Estado, o Pentágono, todos estão muito felizes com o curso dos acontecimentos no Brasil. ou seja, com um governo não eleito mas muito mais favorável aos interesses dos EUA.

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